A criança gaga
Quando há conflitos no lar, a linguagem de uma criança pode ficar prejudicada. Os sons ficam prolongados ou repetitivos. É a gagueira.
Há uma gagueira fisiológica considerada normal, que ocorre entre os três e os quatro anos. Inicia-se quando a criança começa a comunicar-se mais, formando frases. Seu vocabulário é pequeno e o pensamento muito rápido.
A gagueira pode incidir de novo aos seis ou sete anos, durante o período de adaptação escolar. Há uma falta de sincronia entre o pensamento e a linguagem. A linguagem ainda está se organizando.
No final da infância e no início da adolescência, lá pelos onze ou doze anos, surgem as dificuldades emocionais porque as exigências dos pais são maiores, e novamente a gagueira pode reaparecer. A gagueira vai acontecer porque não há sincronismo entre o pensamento e a fala, principalmente entre as crianças vivas e criativas, que têm pressa em comunicar seus pensamentos.
Os pais das crianças que gaguejam geralmente são perfeccionistas, ficam aflitos e ansiosos com a possibilidade do filho se tornar um gago.
As dificuldades da criança são perfeitamente normais, uma vez que está aprendendo o idioma, mas os pais expõem seus temores aos parentes e amigos quanto à possibilidade do filho se tornar gago, e não perdem a oportunidade de advertir a criança quando ela gagueja, dizendo-lhe: fale devagar; primeiro pense no que quer falar e depois fale; não faça caretas… E acaba transformando o que é normal num problema para a criança.
De tanto ouvir os comentários dos pais a seu respeito e de ser advertida sobre a maneira como deve falar, a criança começa a perceber que alguma coisa errada está acontecendo com ela. Suas dificuldades fisiológicas com a linguagem são normais, mas a família ansiosa acaba por transformar o que é normal num problema para a criança. É o começo de uma neurose, inevitavelmente, ela se torna gaga.
Ainda não ficou claro cientificamente a origem da gagueira. “O que parece provado é que ninguém nasce gago: a gagueira se adquire durante o desenvolvimento da personalidade”. (Isabel Adrados). No entanto, sabe-se que entre os povos primitivos como os índios, não são encontrados crianças ou adultos gagos. Os índios não se preocupam se os filhos falam bem ou mal.
A orientação para casais que têm filhos com dificuldades de linguagem é que devem procurar um psicólogo com especialização em Terapia de Casal, e devem colocar a criança para fazer uma ludoterapia, aprender pintura e música objetivando a recuperação da autoestima e a resolução do problema da fala.
Consultas ao livro: Orientação infantil – Isabel Adrados.