A criança rejeitada
Há crianças que são rejeitadas antes de nascer e há também as que são rejeitadas porque não são aceitas pelos pais.
A rejeição pode acontecer através de um sentimento ou de um comportamento.
Com relação ao sentimento a rejeição está ligada ao ódio e a hostilidade inconscientes que os pais sentem pelo filho. São restos de uma antiga rivalidade com um irmão ou com o próprio pai. Embora esquecidos, esses sentimentos são reativados, deslocados e projetados no filho.
Pode acontecer que os pais gostem do filho, mas o rejeitam por ele possuir características da personalidade deles, que eles não aceitam. Eles se enchem de culpa por rejeitá-lo. Essa culpa disfarça a atitude hostil e os leva a manifestar a rejeição através de críticas ao se referirem ao filho.
Com relação ao comportamento a rejeição pode ser passiva e ativa.
É passiva: quando os pais são indiferentes, alegam cansaço para evitar dar atenção à criança.
É ativa: quando os pais afastam a criança do lar, colocando-a num colégio interno, mandando-a viajar ou fazer colônia de férias, etc.
Quando os pais comparam os filhos entre si.
Quando os pais ridicularizam os filhos na presença de estranhos.
Quando os pais agridem os filhos fisicamente, ou lhes fazem punições excessivas com relação ao fato de origem.
Mas pior do que estas hostilidades é a hostilidade secreta, isto é, a da mãe indiferente que entrega os filhos aos cuidados da avó, ou de uma irmã ou ainda de uma babá e os ignora. Todas essas hostilidades descritas provocam carências na criança. Ela vai reagir com agressividade, principalmente quando a rejeição for materna. A criança também poderá dirigir a agressão contra si mesma, contra o ambiente ou oscilar entre uma e outra situação. Quando a descarga da agressão é no ambiente, seu comportamento é instável: comete furtos, mente ou foge. A criança rejeitada costuma fracassar nos estudos e nos seus contatos sociais. Não liga quando é castigada, não tem a capacidade para dar e receber afeto e muito menos para estabelecer vínculos afetivos normais.
Uma terapia de família é indicada para casais que tenham filhos com esta problemática, porque não é só a criança que está com problemas, toda família está adoecida.
Consultas ao livro: Orientação infantil – Isabel Adrados