Quando um parente adoece e recebe um diagnóstico de uma doença grave, que vai lhe tirar a vida, a família precisa se reorganizar diante desta notícia.
A tarefa de cuidar e acompanhá-lo até o final de sua vida é muito cansativa, exige esforço, seja do cônjuge ou de qualquer outro cuidador, parente ou contratado. Além disso, tudo dependerá do relacionamento anterior que o doente teve com a família para que haja um bom relacionamento, sem culpas.
Muitas vezes ele tenta mostrar à família que pode fazer tudo sozinho, sem querer reconhecer suas limitações e assim não se deixa cuidar, tenta não se queixar ou então acaba falando com pessoas estranhas sobre suas dificuldades. E essas atitudes podem diminuir a comunicação e a afetividade com a família, especialmente com o cuidador, consequentemente cria um problema psicológico. A família pode não gostar e ficar aborrecida.
Dependendo de como a pessoa foi a vida toda, a doença, isto é, o estar doente pode trazer à tona dificuldades de relacionamento, que em nada facilitarão o relacionamento com a família.
O cuidador passará por momentos angustiantes, irá sentir esgotamento físico e psicológico depois de algum tempo, os quais se prolongarão enquanto houver vida. E tudo pode acontecer: ele tem sua vida para tocar, tem suas atividades domésticas, tem seu trabalho, sua profissão, fica sobrecarregado e pode ter descontrole emocional, ataques de nervos, ataques de choro, irritabilidade e até somatizações.
Além dos cuidados que tem com o enfermo o cuidador tem que tentar levantar o ânimo do resto da família. Sobra-lhe pouco tempo para distrair-se ou descansar, porque sempre está ocupado com a administração dos medicamentos e com o bem estar do paciente. Usufruir de um momento de folga e descontração causa culpa, é como se o roubasse do enfermo.
E não é fácil estabelecer um relacionamento afetivo com a pessoa sabendo que ela vai morrer. Surgem novos sentimentos nesta fase final, que podem surpreender o cuidador, Mas o doente tem necessidade de expressá-los, embora possa até tê-los sentido antes mesmo de adoecer.
Para certas famílias é difícil expressar seus sentimentos ao doente. O manejo da tristeza, da angústia e da preocupação para que o doente não perceba essas apreensões é muito difícil e angustiante.
Se o adoecimento for longo e for se agravando com o passar do tempo, algumas famílias até pedem a Deus que leve o enfermo, que o deixe descansar, mas por trás desse desejo, há o desejo que todos têm de descansar. Mas tal desejo é inconfessável.
O que se deve levar em conta, neste caso, é que as pessoas que cuidam do doente ficam cansadíssimas. É preciso considerar que todos os membros da família sofrem psicologicamente vendo que seu ente querido caminha dia-a-dia para o desenlace final. Após sua morte a família ficará de luto por um longo período, entristecida por uns dois ou três anos. Depois irá voltando devagar às suas atividades e acaba levando vida normal. Mas se o luto se prolongar por muito tempo, estará dando sinais de ser patológico e que poderá se tornar crônico. Neste caso a ajuda de um psicólogo é necessária.
A assistência a um doente terminal é muito cansativa. O cuidador fica cansado não só pela dedicação ao doente, como pelos problemas psicológicos que vão surgindo durante sua permanência ao lado do enfermo. É desgastante saber que a pessoa morrerá, que não há cura para seu mal.