A Fé
A religião nasceu da necessidade humana no sentido de entender suas relações com o meio ambiente, com o universo e com seus semelhantes.
As religiões têm seus dogmas e se os homens acreditarem neles, se acalmam.
Para examinarmos a relação do homem com ele mesmo, temos que fazer também um exame da fé.
A fé é mais profunda do que o conhecimento humano. Mesmo que seja negada, continua a afetar o comportamento humano, pois a fé serve de base para a ação, isto é, para o comportamento.
Examinando pelo aspecto religioso, vamos encontrar a oração como uma expressão da fé. No entanto não é o único ato que expressa a fé. Por exemplo: um ato de amor é uma maneira de expressar a fé.
Quando a pessoa se expressa através de um ato de amor, sente alegria, porém ao mesmo tempo torna-se vulnerável e pode sentir uma profunda dor, se seu ato não for aceito. Quase todas as nossas ações são envolvidas pela fé. O Homem age baseado na própria experiência, age com fé (confiando) nos conhecimentos que tem.
A experiência pode aumentar a fé ou diminuí-la, porém não explica sua natureza.
Não estou mais me referindo à fé religiosa, vamos examinar agora uma visão geral sobre o assunto.
Ao falar em fé, refiro-me aos compromissos que assumimos porque acreditamos neles. Cremos no que lemos, cremos num futuro promissor.
Se a fé desaparecer, se não acreditarmos mais, digamos nas nossas experiências, caminharemos para o caos. O homem precisa ter fé no próprio esforço, precisa acreditar que será recompensado.
As pessoas que têm fé são fortes, vencem obstáculos. Enquanto o homem tiver fé não desistirá dos seus objetivos.
Vamos abordar agora dois aspectos da fé: um consciente e outro inconsciente.
O aspecto consciente vem das crenças de dogmas. O aspecto inconsciente é uma sensação de confiança ou de fé, subjacente aos dogmas (o indivíduo não toma consciência dos mesmos, estes perdem a força), dando assim à imagem seu significado e vitalidade.
Estes aspectos precisam ser entendidos, caso contrário os dogmas serão entendidos como a fonte da fé que têm.
Os dogmas se desenvolvem através das experiências particulares da história de um povo. Todos têm esse caráter, esse lugar comum, embora tenham diferenças que refletem a história particular de cada grupo e seu desenvolvimento cultural. Assim, cada povo tem sua fé com seu dogma particular e cada qual dá ênfase a essas diferenças. Grupos com dogmas diferentes são considerados sem fé verdadeira e são vistos como “menos humanos”.
O desenvolvimento de um povo começa com a fé, passa pelo poder e depois declina. Podemos dizer então que o mundo está correndo perigo: tem muito poder e pouca fé.