O motorista
Então, você que ainda não pôde comprar um carro ou uma moto e se desloca para diversos lugares, muitas vezes deve ter ficado indignado com alguns motoristas de ônibus. Uns não param no ponto, passam por fora voando, e você que esperava há tanto tempo, não conseguiu pegar aquele ônibus. Provavelmente chegará atrasado no trabalho. Outros quase derrubam os passageiros ao darem partida no coletivo. Muitos não param para idosos, não… E por aí vai, muitas situações nos aborrecem.
Diante dos meus comentários, o prezado leitor já parou para pensar na vida que o motorista leva? Não conhecemos seus problemas, nem todas as exigências que lhe são feitas pela empresa pela qual trabalha. Por exemplo: não podem amassar a lataria, não podem arranhá-la, se acontecer algo nesse sentido, terá que pagar pelo conserto. Outra é obrigatoriedade de apanhar nos pontos pelo menos 80 passageiros por dia. Mas ele recebe um prêmio: uma comissão de R$ 1,00 por passageiro, mas só depois que pegar 120 pessoas no mesmo dia. É, não é fácil. Ele enfrenta horas de trânsito ruim, escuta desaforos de outros motoristas, de passageiros e até são ameaçados com armas de fogo quando há assaltos no coletivo. Já pensou nisso, caro leitor?
É mais fácil pensarmos no que nos causou mau humor do que pensar nas causas do comportamento do motorista.
Como não vivemos sozinhos no mundo, precisamos olhar com boa vontade para essa pessoa que nos serve e conduz, muitas vezes cheias de problemas não só trabalhistas, como pessoais ou até de saúde, sem dispor de tempo para tratar-se. Ele pode estar tendo comportamentos estranhos pelo trabalho cansativo que executa, faz mil e uma mudanças, freia, acelera, abre e fecha as portas, ouve a campainha tocar várias e várias vezes ao dia. Tudo isso com a maior atenção para não errar no troco, nem machucar ninguém abrindo e fechando as portas. Ele fica exposto ao calor do motor e dirige num trânsito louco durante muitas horas.
Enfim, amigo leitor, o motorista precisa ser visto como uma pessoa de bem, que está ganhando sua vida servindo a sociedade. Se algo não sair como deveria, bem que poderíamos dar um desconto, pois ele está trabalhando sob pressão. Ele merece nossa compreensão!
Portanto, cabe a nós, em nosso pequeno contato com ele, feito uma ou duas vezes por dia, ter mais paciência, concedendo-lhe a oportunidade para recuperar-se dos aborrecimentos diários. Muitas vezes o silêncio é o melhor remédio que podemos oferecer.
Se formos mais tolerantes com os motoristas ou com qualquer pessoa, a possibilidade de não nos atritarmos com nossos semelhantes aumenta bastante. E ainda teremos a oportunidade de vivermos com menos estresse.