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O Trauma

O trauma

O que é o trauma? É um fato ocorrido durante a vida, que nos marcou profundamente, mas que não precisa nos aprisionar para o resto de nossa vida.

A mitologia grega nos ensina a acolher nossos instintos, em vez de estabelecer uma luta com eles. Temos energia instintivas que nos permitem transformar o trauma. E se quisermos transformá-lo, não podemos lutar contra ele, pois seus domínios sobre nós aumentarão. A mitologia grega nos ensina que devemos enfrentar os desafios com coragem.

Mas o que são mitos? Os mitos são narrativas utilizadas pelos gregos para explicar fatos da realidade, fenômenos da natureza, as origens do mundo e do homem, que não eram compreendidos por eles. Os mitos têm caráter simbólico e explicativo. Um mito não é um conto de fadas ou uma lenda.

Eles revelam nossas forças e recursos desconhecidos por nós mesmos e nos fazem lembrar nossos desejos mais profundos.

“O mito da Medusa capta a essência do trauma e descreve o caminho para a transformação”. Para entendermos esse mito, precisamos saber que ele nos fala que, se alguém fitasse a Medusa, seria transformado em pedra. O encantamento só acabaria se ela morresse.

Perseu, encheu-se de coragem e dispôs-se a matar essa mulher, que tinha serpentes como cabelos. Para executá-la, foi aconselhar-se com Atena, deusa da sabedoria e da estratégia, que o aconselhou a não olhar nos olhos da Medusa. Perseu ouviu o conselho e ao defrontar-se com ela empunhou seu escudo protetor que refletiu a imagem da Medusa. Então decepou-lhe a cabeça e assim não foi transformado em pedra.

Vem daí a afirmação “se quisermos transformar o trauma, precisamos aprender a não confrontá-lo diretamente”.

O escudo de Perseu equivale à maneira como o corpo vivo vai reagir ao trauma. Se conseguir superá-lo, a resiliência e o bem estar poderão ser sentidos de novo.

O corpo da Medusa degolada deu origem ao Pégaso – o cavalo alado – e a Crisaor o gigante de um olho só, guerreiro da espada de ouro. O mito grego nos fala que o cavalo é o símbolo do corpo e da sabedoria instintiva e que suas asas nos falam da transcendência. Crisaor, o guerreiro de um olho só, empunha uma espada de ouro cujo significado é a verdade e a clareza. Esses aspectos juntos representam as qualidades e os arquétipos (arquétipos: são os 1ºs modelos) que o ser humano precisará mobilizar para curar-se do trauma (isto é, da paralisia imposta pelo medo). Podemos assim perceber que o reflexo da Medusa no escudo possibilitou que Perseu a matasse. Assim, conseguimos também perceber que podemos reagir ao trauma, uma vez que temos esta habilidade espelhada em nossa natureza intuitiva. 

Temos ainda uma outra versão para este mito, a qual descreve Perseu pegando uma gota de sangue da Medusa degolada, dividindo-a em dois frascos. A gota de um tem o poder de matar, e a do outro tem o poder de ressuscitar os mortos, de lhes restituir a vida.

Podemos ver aqui a dualidade do trauma: a primeira característica é destrutiva, rouba a capacidade da vítima de viver e desfrutar da vida e a segunda restitui a vida, ressuscita a vítima.

Eis aí o paradoxo do trauma: está no poder de destruir e matar e está no poder de transformar e ressuscitar. Só dependerá de nós a forma como vamos lidar com o trauma.

Portanto, “o trauma é um fato da vida, entretanto, ele não precisa ser uma prisão perpétua”. A psicologia está aí para ajudar a levar à superação do trauma. Há a possibilidade da pessoa viver bem sem a sombra de um fato ruim ocorrido no passado.

Consultas ao livro: Uma Voz Sem Palavras. 

Como o Corpo Libera o Trauma e Restaura o Bem Estar, de Peter A. Levine