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A consciência e a depressão

O que é a consciência? É aquilo que sentimos, é a nossa emoção, é a maneira como percebemos o que acontece à nossa volta e também como nos percebemos. Mas nem todo mundo tem consciência. A consciência transforma o mundo, leva um ativista dos direitos humanos à arriscar a própria vida.

Num relacionamento temos um vínculo emocional com o OUTRO. Quando lhe causamos mágoa ou decepção, sentimos uma profunda angústia, porém nem todas as pessoas experimentam tal sentimento, justamente porque não têm consciência. Não percebem o que acontece à sua volta.

Ao lado dos cinco sentidos que temos – visão, audição, tato, olfato e paladar – podemos dizer que temos um “sexto sentido”, a nossa intuição, e um “sétimo sentido”, a nossa consciência, que nos leva a perceber como as coisas acontecem. No entanto, apesar de a possuirmos, não somos capazes de identificar quem não a possui.

No século IV os conhecimentos teológicos e as discussões filosóficas eram sobre a Verdade: se o conhecimento absoluto do bem e do mal foi dado por Deus a todos os homens, por que nem todos eram bons? Era sobre esta indagação e sobre a razão humana (consciência) que se discutia. Deus não podia ter concedido o conhecimento absoluto só a alguns homens, e à razão Ele concedeu informações perfeitas, mas como a razão é fraca, o ser humano pode cometer erros quando precisa tomar decisões, o que não significa que não tenha consciência. Por muitos séculos, as discussões sobre a consciência tinham como objeto de estudo a relação entre a razão humana e o conhecimento moral dado por Deus.

Porém, no início do século XX, as teorias de Freud vieram modificar toda essa visão. Vieram nos dizer que, em seu desenvolvimento mental a criança através da ação educativa dos pais, internaliza a figura da autoridade. As proibições vão deixando de ser externas, dando início a formação de uma instância interna denominada por ele de superego, instância esta que internalizará toda a autoridade dos pais e suas proibições. Ao final desse processo, eles não precisam mais dizer à criança o que ela pode ou não pode fazer. Ela saberá distinguir o que é certo e o que é errado.

Baseado nas suas teorias, Freud propôs um novo modelo estrutural da mente, dividindo-o em três partes: superego, ego e id.

O id é formado pelos instintos sexuais, pelos instintos irracionalmente agressivos que são inatos, além das necessidades biológicas do ser humano, os impulsos que vêm de lá estão sempre querendo se realizar.

O ego é a parte racional da mente: pensa com lógica, planeja, tem lembranças, está sempre com a atenção voltada para o ambiente onde a pessoa vive, está, sempre alerta, consciente e consegue interagir com a sociedade.

O superego é formado a partir do ego, quando a criança vai incorporando as regras externas que lhe são passadas pelos pais, pelas leis e pela sociedade. É uma força independente na mente em desenvolvimento: julga e orienta unilateralmente o comportamento e os pensamentos da criança. É uma voz de comando interior que além de julgar, faz surgir a culpa. Sem percebermos, ela processa, julga e sentencia nossos atos, mas também pode ajudar o indivíduo a viver bem, isto é, de acordo com o que é aceito pela sociedade.

Um superego severo demais, que não para de julgar sem dar trégua à pessoa fazendo-a relembrar apenas do que não fez bem feito, ou acusar-se por ter errado, pode gerar uma depressão ou até levá-la ao suicídio. Vem daí o cuidado que devemos ter com os depressivos.

Se uma depressão pode ocorrer quando o superego é severo demais, concluímos então que a mente de algumas pessoas precisa de “consertos” ou “reparos”, que só poderão ser feitos se elas quiserem se submeter a um tratamento psicológico. O desejo de fazer uma terapia deve partir do próprio paciente. Não adianta a família marcar a consulta e levá-lo ao psicólogo. Se ele não desejar tratar-se, não dirá nem uma palavra sobre o que sente. Um tratamento psiquiátrico deve ser feito, a fim de ajudar o paciente a sair da crise pois ela o deixa apático, sem vontade de comer, tomar banho, ir trabalhar ou estudar e o joga numa profunda tristeza. O psiquiatra receitará medicamentos que melhorarão o estado geral do paciente, para que então ele possa procurar um psicoterapeuta a fim de examinar e entender as causas da sua depressão. O tratamento medicamentoso tira o paciente da crise, porém a melhora obtida não significa uma cura. Se as causas da depressão não forem tratadas, é bem provável o surgimento de uma nova crise tempos depois.